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O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou nesta sexta-feira (4) que o Palácio do Planalto explique em cinco dias as condições oficiais de participação de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, na comitiva presidencial que viajou à Rússia.
O ministro aponta que devem ser informados gastos, eventuais diárias pagas e também a agenda realizada. Carlos é vereador do município do Rio de Janeiro, filiado ao Republicanos. Moraes também ordenou que a Câmara carioca informe sobre eventual licença oficial para que o político fizesse a viagem.
A decisão de Alexandre de Moraes atende a um pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) a respeito da presença de Carlos e do assessor Tércio Arnaud “líder do chamado “gabinete do ódio”” na viagem que o presidente fez a Moscou entre os dias 14 e 16 deste mês.
Randolfe diz no pedido que Tércio articula uma rede de divulgação de fake news e que sua conta “foi uma das 88 [entre perfis pessoais e páginas] no Brasil suspensas pelo Facebook e pelo Instagram por infringir as regras de conduta dessas redes sociais”.
Também afirma que a visita à Rússia contrariou posição histórica do Brasil no âmbito das relações internacionais e que foi “aproveitada pelo presidente da República e seus asseclas para promovê-lo, na base do meme, com mais uma mentira a ser utilizada por sua máquina de propaganda”.
No dia 15, data da chegada de Bolsonaro a Moscou, Vladimir Putin anunciou, antes de um encontro com o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, o início de uma retirada de tropas em torno da Ucrânia. O movimento, à época, foi interpretado como um possível recuo em uma eventual decisão de invadir o país vizinho, e o presidente brasileiro buscou capitalizar o assunto, sugerindo uma influência sobre o russo, ao dizer repetidas vezes que a manobra de Putin se deu “por coincidência ou não” de sua visita.
No dia 24, Putin deu início a uma operação militar que desencadeou a guerra atual. Bolsonaro agora vem falando em manter “equilíbrio” no conflito.
Na ação ao Supremo, Randolfe ainda cita acusações de que a Rússia seria o país de origem de uma série de ataques hackers relacionados à votação do brexit, em 2016, no Reino Unido, e às eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016 e 2020.
Após o pedido de Randolfe, a Procuradoria-Geral da República afirmou que não havia identificado irregularidade na presença do vereador e de Tércio na comitiva e pediu ao Supremo que solicitasse mais informações sobre a viagem “de forma facultativa.
Alexandre de Moraes não seguiu a manifestação da PGR e determinou as explicações. A ordem foi tomada no âmbito do inquérito das milícias digitais antidemocráticas.
“Os fatos noticiados guardam aparente relação com o objeto desses autos, sendo necessária a adoção de medidas para seu completo esclarecimento, especialmente por esta apuração se debruçar sobre atividade de organização criminosa, com núcleos de produção, publicação, financiamento e político, resultando em ataques ao Estado Democrático de Direito, incluídos os ataques e ameaças ao sistema eleitoral brasileiro”, disse o ministro.
Em entrevista ao programa Pingo nos Is, da Jovem Pan, na última segunda (28), Bolsonaro comentou a ida do seu filho à viagem.
“Bateram muito em mim porque levei um filho meu para a Rússia, não é?”, disse. “Ele faz um trabalho de mídia comigo, me assessora, conversa comigo, traz informações precisas e geralmente fica no meu quarto. Nessas viagens que ele faz comigo, os chefes de Estado têm doado toda a hospedagem e alimentação de graça.”
Com Folhapress